terça-feira, 21 de agosto de 2012

Os segredos que meu Pai deixou



terça-feira, 15 de maio de 2012

Frente de casa

Filipe Rossato


   Três anos vão completar, e ainda não entendi como foste embora. no agitado fim de semana, em que fizemos malas, viagens e discursos, o mundo parou de girar por alguns instantes para que partiste dele, e, apesar da minha idade já avançada, das minhas experiências anteriores, do que quer que seja, ainda não entendi.

   Os teus olhos já não brilhavam mais, e tua força em querer expressar o carinho que tão suave um dia demonstrou encerrou minha contemplação. eu estava ali, no epicentro da dor, ainda que não a conseguisse sentir. os dias gelados passaram lentamente e provavelmente nunca mais sairão da minha memória, mais pela incompreensão do que pela dor. tu estavas indo embora, mas tantas vezes eu fui também, e foste e foram, que os olhos não poderiam sentir nada além de outro adeus.

   Para quem já deu tantos adeus, tu estavas indo embora como se vai ao terminar a vida. que outra lição tiramos desse labirinto de ciclos em que nos achamos dia após dia? que dor nova eu deveria sentir ao ver outra despedida, entre tantas maiores e mais significativas para mim? que choro deveria ter vindo, mas nunca chegou? 

   Daqui a pouco, será o terceiro ano que não estás mais aqui. e, de todas as despedidas, essa talvez tenha sido a que menos me doeu. mas, ao te rever hoje, ao relembrar as madeiras azuis da tua casa, a salinha cheia de objetos, o teu cumprimento afetuoso, as árvores da tua rua, eu sinto. que instante mágico entre mim e ti, talvez os mais distantes dentre todos, te coloca em meu caminho e em meus pensamentos dia após dia? que curiosa conexão criou-se entre nós agora que não estás mais aqui. 

   Tu foste embora, enfim, e, em meio a tanta dor, eu não chorei. para todos, a despedida derradeira da tua vida, mas para mim... daqueles dias congelantes, daquele hospital melancólico, daquela igreja dolorosa, a incompreensão que me resta não me consola e não te deixa morrer. ainda estás lá, na tua casinha, com teus olhinhos, eu é que parti. para que eu chore, é preciso que eu volte, e assim tu te vais, mas sabemos: a vida é um caminho sem volta. e, nesse trajeto, não retorno mais. 

   Então vais estar lá para sempre, na tua varanda, com teus livros e teu xadrez, teus mistérios e teus segredos. quanto a mim, seguirei por aqui, confiante, vida afora, pelos conselhos nunca recebidos de ti. nossos hemisférios não se acharam, mas é uma questão de espaço, não de tempo. vai ser engraçado, um dia nos encontraremos, eu no meu universo, tu na tua varanda. os dois que foram embora. 

   me acolherás com teus olhinhos. eu vou chorar; e tu, rir de cantinho.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Para Que Fique Para Sempre!!


Meu amigo, parceiro e, posso dizer, meu segundo pai.

Seu Aristeu Ferreira dos Santos ( seu Ariste), com você aprendi muito, mas muito mesmo.
O que devo a ti não tem preço, chama-se gratidão, admiração, respeito.

E ainda temos uma história em comum:

Primeiro foi amigaço e sócio de meu pai João da Silva Borges;
Segundo, foi amigaço e colega, por muitos anos, do meu irmão Itamiro;
Terceiro, foi meu amigaço, professor, conselheiro e parceiro.

Trabalhamos juntos por mais de 10 anos, os dois, mal-e-mal vivos, controlando a pressão com wisk e conhaque e umas cervejinhas geladas de quando em vez, leituras, cálculos, projetos, construções, regulagem de máquinas em dias de chuva, almoço nas fornalhas, alguns copos de vinho e um joguinho de trilha com milho e feijão (Sarte Viera).

De vez em quando, de bota e bombacha, pilchados a preceito. Seu Ariste mais conhecido que parteira de campanha por estes pagos de Deus, Cacique Doble, São Bépi, Barracão, Machadinho, Santo Expedito, Tupanci do Sul e arredores.

Só te peço que continues me orientando para que eu consiga transmitir teus bons conselhos, teu exemplo de humildade, sabedoria, amizade, companheirismo e, sobre tudo, bom caráter e hombridade.

Que o Patrão velho te abençoe para sempre.

Muito obrigado meu eterno parceiro. Um grande abraço do teu sempre amigo


Mauro Borges.