quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Adelar Araújo

De como um gaúcho venta rasgada descreve um presépio:

                “Fazia a modo uma ramada no alto de uns cerritos e fingindo grotas e sangões e umas reboleiras; havia esparramados uns “alimais” entre boizinhos e ovelhas de bringuedo e mais uns figurões calamistrados, de coroa, que pareciam reis e pro caso um que era negro retinto, era o mais empacholado. E, perto desses, estava a Senhora Virgem maria e o Senhor São José e, entre eles, acamado numas palhinhas de milhã e uns musgos e umas penugens, estava o menininho Jesus, ruivito e rosado, nuzinho em pêlo, pro caso como uma criancinha que não tem pecado por mostrar as vergonhinhas de seu corpo de inocente.”
                                                                   João Simões Lopes Neto

Neste novo ano
Que o minuano seja brando
Que o inverno seja amigaço
Que as idéias “samiadas”na primavera
Brotem e se esparramem que nem
Carrapichos agarrados nas lãs das
Ovelhitas que você, por vadio,
Não cuidava, quando piá.
Que a saúde não te deixe
Que o patrão lá de riba
Conserve tua carapinha tordilha.
E vê se  ensina o João Bola
A “trabalhar”com o violão
Que ele aprenda a tocar
A “Velha Tapera”dos Bertussi
Pro Tio Juca se borrá todo
Que nem terneiro mamão.
Que tua “pessegueira velha”
Prossiga nesta guerra santa
E te traga para o bom caminho
(A cabresto, cinchado até)
E que o Breno continue colorado
Guente no osso do peito
Por que charque de turuno
Não amolece na primeira fervida.

É o que deseja teu sempre amigo
João 14, a trigueira velha e a
Trigueirinha Enoema.

Um quebra costela do tamanho do
Rio Grande.

Estância da Lagos – Dezembro de 1.900

João Alberto Ferreira dos Santos


Dançando no asfalto
(Da série: aprendendo a ser louco)

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