terça-feira, 7 de dezembro de 2010

“GUIE UM POUCO PIÁ”

          
           Corria o ano de 1.979. Isto era um Domingo. Regulava umas nove e meia da manhã. Seu Aristeu, nesta quartiada da existência, se arrinconava no Barracão. Assucedeu que ele precisava pegar uns pertences em São José do ouro, cidade lindeira, “cosa” inadiável, de urgência. Tinha, na ocasião um corcel GT 73, lindaço, que por um desses mistérios da vida só ele e o Charque, o guri mais velho, guiavam. Chamou o Charque. Nada. Chamou o Aliche. Nada. Deu um vistaço no pátio e encontrou o Catorze trepado num pé de espora de galo, com uma adaga de taquara na mão, peleando com inimigos imaginários.
-          Venha cá, piá!
-           Sim, Senhor?  Chegou o guri num üpa”, sujo de sangue, pois acabara de degolar três chimangos.
-          Embarque! Vamos dar uma volteada.
                         Rumaram.
                         A viagem transcorria calma. Enquanto o seu Aristeu guiava o corcel, com atenção máxima, o piá se encarregava de contar os palangues encordoados pelo caminho, aquilo mais alinhado que teto de leitão...
                          Buenas, termino depois, enquanto isso, até lá, leitores.

                        João Alberto Ferreira dos Santos, o 14.



Pergunte ao João, o 14

João Alberto, o oitavo rebento, filho de Aristeu, o singular - nas palavras do Rui - e de Enoema, aquela que - no galanteio de seu marido - era ao mesmo tempo "amiga sincera, filha obediente, esposa leal e mãe carinhosa".

Se causos nos escapam, a memória falha, simples: pergunte ao João, ao certo saberá, não apenas vagas lembranças, mas riquezas de detalhes com enredos engraçados.

O gesto em "Agnus Dei", pela enésima vez, sempre impressiona. (Herança daqueles tempos).

Ainda piazito, conta-se, do alto de alguma mesa, declamava poesias, e poesias, até o sol raiar. Pessoas boaquiabertas, meio que magnetizadas, ouviam, riam e,  por fim,  pediam bis.


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